terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Natal em Natal" começa com pouca luz e nenhuma magia

Com metade do orçamento e cancelamento de espetáculo, maior evento tocado pela Prefeitura começa atrasado em relação a outras capitais.

Enquanto as principais cidades do Nordeste deram a partida na programação do Natal – uma das que mais atrai turistas nesta época do ano – a Capital dos Magos, homônima do evento, mostra decoração tímida, que deverá ser ampliada nesta terça-feira (5), dia para o qual está prevista a inauguração da árvore natalina da cidade, em Mirassol.

Denominado “Natal em Natal”, a programação da capital do RN tenta repetir o sucesso de eventos que dão certo em outras regiões do Brasil. Gramados, no Rio Grande do Sul, é a principal vitrine na qual o Executivo da cidade tenta se espelhar. Comitivas já foram à
cidade do Estado da Farroupilha para conhecer de perto a “luz e magia” que a prefeita Micarla de Sousa pretende para cidade.

Mas, por enquanto, é pouca luz; nenhuma magia. A vizinha Fortaleza abriu sua programação em 26 de novembro com árvore inspirada no artesanato. O monumento pegou fogo e foi reconstruído integralmente em 48 horas. Foi reinaugurado ontem. Aqui, o que se sabe é a existência de três datas para inauguração da árvore. A primeira foi marcada para o dia 30 de novembro; adiada para 10 de dezembro e remarcada para hoje.


Em Recife, as equipes mobilizaram 80 mulheres para, com 70 mil garrafas pet, produzirem a árvore de Natal da cidade. Por aqui, a promessa é que a partir de hoje o evento deslanche, mesmo com orçamento cortado pela metade, conforme anunciou em coletiva de imprensa a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Social, Rosy de Sousa.

Segundo ela, não haverá perdas para a população, algo protestado por artistas que receberam a notícia do cancelamento do “Auto do Natal”. Até o deputado federal Henrique Alves (PMBD) mexeu no vespeiro. Segundo ele, a Petrobrás disponibilizou R$ 500 mil para o evento, cujo cancelamento não está totalmente explicado. “O Auto era ponto central!!! Frustração!!!”, comentou o parlamentar em seu Twitter.

Orçado em pouco mais de R$ 2 milhões, o Natal em Natal promete programação de 30 dias, com encerramento na Festa de Reis, em 6 de janeiro próximo. Cinco pólos natalinos foram distribuídos pela cidade: Feirinha da Árvore de Mirassol; Feirinha da Árvore na área de lazer do Panatis, na Zona Norte; Anfiteatro do Campus da UFRN; Praça Pedro Velho; Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte.

Entre os espetáculos estão “O Grande Desfile do Natal em Natal”, que contará com apresentações em um show encenado por mais de 300 artistas; o espetáculo “Um Presente de Natal” – chamado para substituir o “Auto do Natal”; o “Quebra Nozes” e Show de aniversário da cidade com apresentação da banda sinfônica e artistas locais durante o espetáculo ‘Natal canta Natal’.

As informações são retiradas de releases da Prefeitura do Natal. Durante toda a manhã desta terça-feira, o portal Nominuto.com tentou contato com o titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), Cláudio Porpino, para esclarecer alguns pontos sobre a decoração de “luz e magia” que os textos oficiais dizem existir na cidade.

A assessoria de imprensa do secretário prometeu que Porpino falaria à reportagem, mas não retornou. Em segundo contato, o secretário desligou o telefone na primeira chamada. Ficaram algumas dúvidas pendentes.

A primeira delas é sobre a origem do material aplicado na árvore de Natal. A CEI dos Contratos investiga contrato de compra de lâmpadas, com dispensa de licitação, a empresa de Portugal. A árvore deverá ter 126 metros de altura e 186 mil lâmpadas de led.

Outro ponto seria saber o motivo de uma cidade denominada Natal dar largada à sua decoração com um atraso que beira a vergonha. Quem orbita no entorno da árvore com seu comércio reclama que as vendas caíram.

Também deverá ficar sem esclarecimento o fato de a Prefeitura do Natal ter contratado empresa para gerenciar a árvore de Natal desde o ano passado. Como se sabe, o monumento foi desligado há mais de dois meses. Foi repassado dinheiro por manutenção não realizada nos últimos 60 dias?

As questões permanecem à sombra da dúvida, e nem mesmo as luzes de Natal parecem capazes de clareá-las.

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