Brasília (AE) - Diante de 28 pesos pesados da economia brasileira, a
presidenta Dilma Rousseff prometeu ontem adotar novas medidas de
estímulo ao setor produtivo A desoneração da folha, restrita a menos de
dez setores, poderá ser estendida a toda a indústria. O PIS/Cofins,
considerado o mais complexo dos tributos federais, será simplificado.
Haverá também um esforço para que a aduana brasileira se torne tão
eficiente quanto a americana.
Além disso, o governo vai continuar com a estratégia de segurar o
câmbio, baratear capital de giro, ampliar o crédito e melhorar a
infraestrutura. Estuda também formas de reduzir o custo de energia. Com
isso, a presidenta destacou que o governo fará sua parte e pediu aos
empresários que sigam investindo. "Eu preciso que vocês deem o melhor do
que existe no espírito empreendedor brasileiro", disse.
Dilma incumbiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de elaborar as novas medidas, com foco especial na indústria de transformação, segundo relatou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O ministro estará em São Paulo na próxima segunda-feira para discuti-las.
Dilma incumbiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de elaborar as novas medidas, com foco especial na indústria de transformação, segundo relatou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O ministro estará em São Paulo na próxima segunda-feira para discuti-las.
O governo decidiu intensificar os estímulos ao setor produtivo por causa das dificuldades de alcançar taxas elevadas de crescimento este ano. A presidenta comentou que a desaceleração chinesa vai repercutir no mundo inteiro, daí a necessidade de agir com mais intensidade.
"A presidenta colocou uma posição muito clara de defesa da indústria nacional", disse o empresário Jorge Gerdau. "O governo quer que as empresas brasileiras concorram com as estrangeiras em condições de igualdade", avaliou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. E isso será feito sem medidas protecionistas, destacou Luiza Trajano, dos Magazines Luiza.
AGENDA POSITIVA
A reunião de três horas e meia com os empresários foi, também, uma tentativa de criar uma agenda positiva, num momento em que o governo enfrenta uma rebelião em sua base aliada no Congresso. O empresariado vinha se ressentindo da falta de diálogo, e nesta quinta-feira teve oportunidade de falar. A queixa comum é o peso do custo Brasil.
Para Skaf, a desoneração da folha para a indústria pode ser uma medida de grande impacto, desde que não seja compensada com novo tributo sobre o faturamento, como foi feito até agora. O governo não deu resposta sobre esse ponto.
Skaf afirmou também que a taxa de câmbio em R$ 1,80 gera distorção na economia. "É a mesma taxa de 2000. Mas, nos últimos 12 anos, tivemos uma inflação de 112%." Para compensar o desequilíbrio, o presidente da Fiesp propõe aumento da alíquota do Reintegra. Hoje, o programa devolve o equivalente a 3% das exportações. O ideal, segundo ele, seria 10%.
Governo evitará alta excessiva do real
São Paulo (AE) - A queda da inflação permite que o governo seja mais proativo nos estímulos à economia, disse nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após participar da reunião da presidenta Dilma Rousseff com 28 dos principais empresários do País. Ele fez a afirmação ao comentar a prévia do IPCA do mês, que ficou em 0,25%, abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, que calculavam até 0,42%
O câmbio foi apontado pelos empresários como um desafio importante, pois há uma política de desvalorização cambial em vários países, o que coloca os produtos brasileiros em situação de inferioridade, segundo o ministro. "Temos prejuízos da importação e exportação. E essa questão é vista por empresários como uma questão crucial."
Segundo ele, o real não pode se valorizar, caso contrário a mercadoria brasileira fica mais cara. "O governo tranquilizou os empresários. Vamos continuar a fazer políticas de intervenção no câmbio que não permitam que o real se valorize. Isso é um compromisso do governo", garantiu.
Para Mantega, o Brasil é um dos países que mais fazem essa política sem atrapalhar os investimentos. "Temos uma política que tem dado resultados. Desde o segundo semestre do ano passado, o câmbio está em situação mais favorável. Posso afirmar que vai continuar assim." Os empresários se queixaram sobretudo dos custos elevados de produzir no País. O ministro admitiu que é preciso reduzir o custo da mão de obra.
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