sexta-feira, 25 de abril de 2014

Condema discute polêmica envolvendo consumo humano de carne de jumento


O Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) reuniu seus membros na manhã de ontem, 24, no auditório da Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, para discutir a problemática referente ao consumo humano de carne de jumento, assunto que vem sendo discutido a partir de iniciativa do promotor de justiça da Comarca de Apodi, Sílvio Brito.

De acordo com o presidente do Condema, Tidal Amorim, que responde também pela Subsecretaria de Gestão Ambiental da Prefeitura Municipal de Mossoró (SGA/PMM), o debate no Conselho foi proposto pela Comissão de Meio Ambiente da Subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade.

"O Condema não tem uma opinião formada sobre o assunto. A pedido da OAB, inserimos essa pauta em nossa reunião ordinária, para que, após analisada a questão, possamos emitir uma nota oficial. Aqui estão sendo discutidos pontos como a viabilidade econômica desse abate para fins econômicos, questões de ordem legal, sanitárias, ambientais", destaca Tidal Amorim.
A responsável por apresentar aos membros do Condema o polêmico tema foi a presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Mossoró, Vânia Diógenes. Ela iniciou a palestra relembrando como o consumo humano da carne de jumento se tornou tema de debates e discussões em todo o Rio Grande do Norte, elencando a criação da Associação dos Protetores de Animais de Apodi (APAA) e os sucessivos atos promovidos pelo promotor Sílvio Brito.

"Em primeiro lugar, gostaria de dizer que defendo a preservação do animal, não podemos deixar que o jumento seja dizimado, uma espécie que já está em extinção, abandonada, com animais morrendo de fome, que possuem uma reprodução lenta. Não há estudos que comprovem que a carne de jumento tem níveis de proteínas semelhantes à carne bovina, ou até mesmo menos gordura. Nós não temos essa necessidade alimentícia", afirmou Vânia Diógenes.

Ainda de acordo com a presidente da Comissão, os almoços servidos recentemente com carne de jumento não foram devidamente fiscalizados pelos órgãos sanitários. "No almoço do dia 13 de março, não houve a mínima fiscalização, não sabemos se os jumentos abatidos estavam em quarentena. O próprio Idiarn foi impedido de fazer uma vistoria", argumentou Vânia Diógenes.

Proposta visa resolver problemática de animais soltos nas estradas
Um dos objetivos da proposta do promotor Sílvio Brito é fazer com que os animais que hoje estão abandonados nas estradas do RN tenham uma destinação, evitando assim a ocorrência de acidentes nas vias e o acúmulo dos animais em entidades como APAA.

De acordo com o Ministério Público, a previsão para os próximos seis meses é de continuar realizando alguns abates em caráter experimental e educativo, numa média de 10 a 20 animais por mês, cuja carne será doada a alguns restaurantes que se disponham a testar a qualidade do produto e também transformada em carne de charque.

Esses abates servirão, ainda, para as pesquisas científicas que serão iniciadas em breve por um grupo de pesquisadores, em sua maioria doutores em Zootecnia e Veterinária, além de mestrandos e doutorandos. Eles iniciarão estudos aprofundados sobre todas as potencialidades econômicas do jumento, já que, embora se crie jumentos há mais de 200 anos no Nordeste, pouco se sabe a respeito da biologia desse animal.
O Mossoroense

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