quinta-feira, 8 de maio de 2014

Rede hospitalar do RN trabalha no limite da capacidade de internação


O Rio Grande do Norte tem, atualmente, um déficit de quase mil leitos nas redes pública e privada de Saúde, de acordo com cálculo baseado em recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS). O problema da falta de leitos, que até pouco tempo era exclusivo do sistema público, também atinge, hoje, parte da população que pode pagar pelos serviços de saúde. Nos últimos meses, os hospitais privados da capital potiguar estão trabalhando no limite da capacidade de internação, de acordo com diretores de unidades consultadas pela reportagem. O atendimento está saturado.

quanto a OMS recomenda 2,5 a 3 leitos hospitalares disponíveis para cada 1000 habitantes, o Estado tem bem menos que isso. Dos 8.434 ideais, com base na estimativa do IBGE para a população em 2013, o Estado conta com 7.454 leitos clínicos e cirúrgicos. O déficit maior é para os casos de UTI. 

A maior parte dos hospitais privados do Estado se concentra em Natal. Enquanto algumas dessas unidades planejam investir numa ampliação de leitos em médio prazo, outras relatam falta de condições para isso. De acordo com o médico Guilherme Maia, diretor da Promater, a demanda de pacientes dobrou nos últimos anos, enquanto a oferta ainda é a mesma do passado. 

“A população de plano de saúde aumentou muito e a quantidade de leitos é praticamente a mesma de uma década atrás. Nesse tempo, nenhum órgão municipal, estadual, ou federal criou dispositivos que facilitasse crédito para aquisição de novos leitos”, coloca. “Para se ter uma ideia, somente um dos planos com que temos contrato tinha 20 mil vidas [como são chamados os clientes] há cinco anos. Hoje são 120 mil”, aponta. O médico ainda confirmou que, em alguns dias da semana, não é difícil que um paciente não encontre internação nos hospitais particulares por falta de vagas. 

O hospital declinou de uma proposta da Fifa para atender ao público de jogadores, cartolas ou repórteres estrangeiros que precisassem de atendimento durante o mundial, por falta de capacidade para atender um possível aumento da demanda. Para ele, os 154 leitos, entre quais estão os de UTI, não seriam suficientes para atender à demanda da Fifa e os pacientes habituais. A organizadora da Copa consultou hospitais localizados no raio de até dois quilômetros da Arena das Dunas – que receberá quatro jogos da primeira fase do mundial.

Alas fechadas
Mesmo contando 30 leitos de UTI, além de outros 25 para internação de curto prazo e 75 para casos clínicos e cirúrgicos, o Natal Hospital Center vem, há mais de um ano, funcionando praticamente com 100% sua capacidade atual, de acordo com o diretor geral da unidade, Adalberto Bezerra Filho. O hospital possui estrutura de outros 100 leitos que poderiam entrar em funcionamento num prazo de 90 dias. “Mas isso ainda não faz parte do planejamento. Acreditamos que ainda não há demanda”, coloca.

O diretor acrescenta que a abertura dos novos leitos, em dois andares, deve ocorrer em médio prazo, mas não há data definida. Ainda de acordo com ele, quando a unidade foi inaugurada, 12 anos atrás, havia dois andares para leitos de internação. Faz quatro anos que mais um andar foi aberto. 

O planejamento é a alternativa encontrada por alguns dos hospitais, como o Hospital do Coração, para atender toda a demanda. O hospital, que tem vários atendimentos cirúrgicos, organiza os agendamentos para evitar transtornos e considera uma média diária para demais atendimentos. São 112 leitos, sendo que 26 são de UTI. Até 2015, o hospital deve implantar mais 7 leitos de UTI. No ano seguinte, novos 40 leitos de internação devem ser entregues. 

“A Fifa apresentou a possibilidade de demanda para atendermos durante a Copa. Achamos que não vai ser diferente de 2008, quando recebíamos muitos turistas. Temos contratos com empresas que vão trazer pessoas, mas não aceitamos contrato de exclusividade ou bloqueio de leitos para a Fifa”, coloca o diretor do hospital, Nelson Solano, para quem seria inviável fechar leitos, sendo que parte dos pacientes ficaria sem atendimento.

Tribuna do Norte

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