Defender e lutar por um amigo tem limite: o da própria sobrevivência. É assim que o mundo político entende o troca-troca no comando da comissão especial do novo Código de Processo Civil na Câmara dos Deputados.
O PT havia indicado João Paulo Cunha (SP) para ocupar a presidência. Sua condição de mensaleiro provocou mal-estar entre parlamentares e juristas. Para o lugar de João Paulo, os líderes do PT e do PMDB sacaram o desconhecido Fábio Trad, do PMDB do Mato Grosso do Sul.
Já o cargo de relator, reservado por Henrique Eduardo Alves ao amigo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), caiu no colo do deputado-suplente, também desconhecido, Sérgio Barradas (PT-BA).
A retirada de Eduardo Cunha foi traumática porque ele se agarrava à função. O líder do PMDB, Henrique Alves, referendava-o e defendia-o publicamente.
A reação de parte da bancada do PMDB contrariada com a indicação de Eduardo Cunha é que mudou o jogo.
Pressionado por parte da bancada e pelo vice-presidente Michel Temer, Henrique Alves foi obrigado a dar meia-volta e indicar outro relator.
Não foi fácil. O vice Michel Temer teve de bater na mesa e conter as ameaças e insinuações proferidas por Eduardo Cunha aos líderes do PMDB, conforme o relato de repórteres em Brasília.
Eduardo Cunha é barra mesmo. Surgido nos tempos do Fernando Collor, apadrinhado por Anthony Garotinho e todo-poderoso de estatais do setor elétrico brasileiro sob o manto do PMDB, Eduardo Cunha é hoje persona non grata no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff quer manter distância dele.
Eduardo Cunha é duro com adversários políticos. Neste episódio chegou a declarar: "Se eu tiver de largar a relatoria do código (Processo Civil), o Pedro Novais terá de entregar o Ministério do Turismo e o Sarney terá de pagar pelo vôo do helicóptero.
Mas Henrique Eduardo Alves não entendeu isso ou não pode largar o amigo à própria sorte.
O imbróglio Eduardo Cunha levou parte da bancada do PMDB a contestar o líder Henrique Alves. Alguns se mostraram mais afoitos e pediram sua retirada da liderança.
Se a rebelião não fosse contida, a candidatura de Henrique à presidência da Câmara dos Deputados iria para o brejo. O vice Michel Temer agiu mais rápido e exigiu a troca de indicações na Comissão Especial do Código de Processo Civil.
Henrique Alves foi salvo pelo gongo.
E pelo amigo Michel Temer.
0 Comentários:
Postar um comentário