quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Escola diz que 'há possibilidade' de questões serem de pré-teste do Enem

Segundo alunos, escola de Fortaleza antecipou questões do Enem.
Colégio não confirma autoria do material e diz que questões são de um banco.
 
 
O Colégio Christus, de Fortaleza, que, segundo alunos, distribuiu material com questões iguais às da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgou nota nesta quarta-feira (26) em que alega ser "impossível" ter  acesso ao exame antes da realização da prova.

A instituição alegou na nota que como há o pré-teste de questões utilizadas no Enem, realizado em outubro do ano passado, "existe a possibilidade" de que essas questões tenham caído no domínio público antes da realização oficial do exame, e que poderiam compor o banco de dados de professores e de outros 
profissionais da educação. "O colégio Christus verificou que há evidências de que as questões em discussão foram objeto de pré-testes efetivados para o Enem entre os anos 2009 e 2011", afirmou.
O MEC confirma que o Christus foi um dos colégios que tiveram alunos selecionados para fazer este pré-teste do Enem. O pré-teste foi realizado em outubro do ano passado com estudantes de várias escolas para “calibrar” as questões que poderiam compor o exame, ou seja, medir quais poderiam ser consideradas fáceis, médias ou difíceis para a composição da Teoria de Resposta ao Item (TRI), mecanismo que dá valor a cada questão e mede a pontuação dos candidatos. A assessoria do MEC diz que nenhuma escola pode se apoderar de questões aplicadas em pré-testes do Enem. Após a aplicação dos simulados, as provas são incineradas.


O diretor da escola, Davi Rocha, disse ao G1 que as questões batem com o banco de dados do colégio, alimentado por colaboradores da escola e estudantes. Muitos deles participaram de testes de nivelamento do Enem que o MEC aplica para estruturar a prova. Como são muitas questões e muitos momentos, Rocha disse acreditar que os colaboradores podem ter repassado as questões para o banco de dados da escola. Segundo ele, os colaboradores pesquisam provas de vestibulares de todo o país, então seria possível que questões tenham conteúdo semelhante.
Sobre a impressão da apostila sem o logotipo da escola, o diretor não confirmou que o material tenha sido impresso pelo colégio. Na nota, o colégio não nega ter distribuído o material.
Teoria de Resposta ao Item
A escola explicou ainda que a metodologia utilizada pelo Enem é baseada na Teoria de Resposta ao Item (TRI), com esses pré-teste das questões, realizado em diversas escolas de ensino médio do Brasil. "De resto, desafia a lógica e agride o bom senso alguém imaginar que, tendo de alguma forma conseguido previamente questões que seriam aplicadas no ENEM, fosse o colégio Christus torná-las públicas, entre os seus alunos, dez dias antes do exame", afirmou a escola. Por fim, a instituição que agiu em conformidade com os "princípios da ética e da licitude", diz a nota.
Veja a nota na íntegra:
''O colégio Christus, considerando as notícias correntes a respeito das questões do último ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio -, vem apresentar publicamente os seguintes esclarecimentos:

1. Nos anos 2010 e 2011, o colégio Christus não foi responsável pela aplicação do Enem, sendo, assim, impossível que mantivesse qualquer tipo de contato prévio com o exame;

2. Como é do conhecimento de todos, a metodologia utilizada pelo Enem é baseada na TRI – Teoria de Resposta ao Item -, necessitando, assim, do pré-teste das questões, realizado em diversas escolas de ensino médio do Brasil;

3. Como há o pré-teste de questões utilizadas no Enem, existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame, as quais eventualmente podem compor o banco de dados de professores e de outros profissionais da área de educação;

4. O colégio Christus mantém vasto banco de questões, construído a partir da colaboração de professores e das sugestões de alunos ou ex-alunos, tendo como única exigência que as questões estejam no estilo próprio do Enem;

5. O banco de questões do Colégio Christus pode ser integrado também por questões provenientes de sugestões dos alunos que realizaram o pré-teste, sem o conhecimento da escola no que diz respeito à origem desses dados;

6. O colégio Christus verificou que há evidências de que as questões em discussão foram objeto de pré-testes efetivados para o ENEM entre os anos 2009 e 2011;

7. As questões da base de dados do colégio Christus provêm de diversas outras fontes, inclusive da própria rede mundial de computadores (internet) – mensagens de e-mail, simulados, fóruns de discussão e mídias sociais –, assim como da conversão de questões clássicas em questões “estilo Enem”, dentre outras origens;

8. Uma instituição de ensino que tenha profundo conhecimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item – e possua vasto banco de questões originadas das mais diversas fontes poderá ter boa margem de acertos nas avaliações do Enem e de outros vestibulares;

9. No que se refere à redação, por exemplo, foi abordado o lógico no exame: o tema das redes sociais. No eixo temático do colégio Christus, durante a preparação dos alunos para o Enem, focou-se a capacidade das redes na mobilização popular, considerando os últimos acontecimentos no Oriente Médio. O Enem, por sua vez, focou as redes sociais considerando os limites entre o público e o privado nas relações interpessoais. A abordagem do tema “redes sociais” pelo colégio Christus, na preparação dos alunos, decorreu de uma avaliação contextual, mediante pesquisas e consultas a diversas fontes;

10. De resto, desafia a lógica e agride o bom senso alguém imaginar que, tendo de alguma forma conseguido previamente questões que seriam aplicadas no Enem, fosse o colégio Christus torná-las públicas, entre os seus alunos, dez dias antes do exame.

11. O colégio Christus afirma, por fim, que agiu em estrita conformidade com os princípios da ética e da licitude que vêm pautando sua conduta ao longo de 60 anos de história.

COLÉGIO CHRISTUS
A Direção''
 

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