Segundo o ministro, tanto ele quanto o partido não hesitarão em fazer suas defesas diante das acusações. Silva afirmou que a revista Veja "não apresentou provas porque não houve, não há e não haverá essas provas. É uma mentira, uma farsa".
Silva disse ainda que continuará prestando esclarecimentos aos órgãos competentes, como o Ministério Público e a Comissão de Ética do Governo. "A obrigação do homem público e prestar esclarecimento à sociedade. Papel do gestor público é corrigir qualquer erro que seja identificado", afirmou.
O ministro voltou a atacar o policial militar João Dias, delator do esquema de corrupção no Ministério do Esporte, e disse que a acusação só foi feita porque o ministério agiu de forma dura contra os desvios feitos pelo ex-militante do PC do B. "Os caluniadores que me atacam o fazem porque combatemos o mal feito Eu determinei a devolução de todos os recursos públicos desviados", disse.
Durante a reunião, o ministro também relatou à presidenta Dilma informações sobre a viagem da comitiva brasileira à abertura dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, e discutiu detalhes sobre a preparação de uma visita do presidente da Fifa, Joseph Blatter, ao Brasil. Sobre a disputa entre o organismo que comanda o futebol mundial e o governo brasileiro, em relação organização da Copa do Mundo de 2014, Silva reconheceu que existem divergências, mas garantiu que ambos os lados da disputa trabalham com o mesmo objetivo, que é o de organizar um bom mundial.
Em nota divulgada após o encontro com o ministro do Esporte, Orlando Silva, a presidenta Dilma Rousseff afirmou "que o governo não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência". Após a reunião, que culminou com a permanência do ministro no cargo, apesar das sucessivas denúncias, Dilma também afirmou que não irá aceitar "que alguém seja condenado sumariamente".
Ontem, Orlando passou o dia despachando normalmente no ministério. Antes da reunião com a presidenta, evitou conversar com a imprensa, mas investiu em redigir uma longa nota, publicada no site do ministério, com explicações sobre todas as denúncias que surgiram ao longo dessa semana. Chegou ao Planalto no início da noite com o carro oficial, mas evitou a entrada principal e preferiu os fundos.
Visivelmente abatido, o ministro mostrava no rosto os efeitos da semana difícil. Ao final da entrevista concedida no Salão Nobre do Palácio do Planalto, era esperado pelo assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, de quem recebeu um forte abraço e palavras de apoio.
Policial afirma que soube do desvio por intermédio de terceiro
Brasília (AE) - Em depoimento dado à Polícia Federal na última quarta-feira, o policial militar João Dias, delator do suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte, disse que foi informado por terceiros que metade do dinheiro desviado de convênios com ONGs ligadas ao PC do B era destinada ao ministro Orlando Silva. "Parte dos valores recebidos pelo ministro era para proveito pessoal e parte era para beneficiar o PC do B", afirmou. O depoimento, ao qual o Grupo Estado teve acesso, durou mais de sete horas.
Dias não apresentou vídeos, áudios e outras provas prometidas, alegando que o fará na próxima segunda-feira. Mas ele detalhou o que seria um esquema de aparelhamento e arrecadação de propina que o PCdoB teria montado no Ministério. Segundo o delator, pelo menos quatro remessas de dinheiro foram entregues na garagem do Ministério e numa delas Silva estaria presente e teria baixado o vidro do carro para falar com o entregador. "É muito pouco provável que o ministro não tenha visto a entrega dos malotes", ironizou.
Questionado pelos delegados que o interrogavam, o delator ressalvou que "nunca viu o ministro recebendo qualquer malote de dinheiro". Ele disse que "todas as informações prestadas sobre coleta e distribuição dos recursos arrecadados foram prestadas por Célio (Soares), Toni Matos (ex-jogador de futebol) e Michael (Vieira), em conversas informais". Os três seriam operadores do esquema.
Dias relatou que em 2004 foi procurado por uma comissão de cúpula do Ministério, comandada pela coordenadora geral da Secretaria de Esporte, Ralcilene Santiago, que lhe propôs parceria com o programa Segundo Tempo destinado a promover atividades esportivas e culturais junto a alunos carentes.
Em contrapartida, o policial teria de comprar materiais esportivos junto a fornecedores indicados pelo esquema e deveria pagar uma fatia de 10 a 20% do valor do convênio a um escritório de advocacia designado pelo grupo.
Procurador pede abertura de inquérito
Brasília (AE) - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O chefe do Ministério Público Federal quer investigar as suspeitas de envolvimento dos dois num suposto esquema de corrupção na pasta delatado pelo policial militar João Dias Ferreira.
O inquérito recebeu o número 3333. Orlando Silva e Agnelo Queiroz são identificados apenas com as iniciais, O.S e A.Q. De acordo com informações disponíveis no site do STF, a investigação vai apurar suspeitas de "crimes previstos na legislação extravagante" e "crimes de responsabilidade".
Com 146 folhas, o pedido de abertura de inquérito será analisado pela ministra do STF Cármen Lúcia Antunes Rocha, sorteada relatora do caso. Cármen Lúcia está no STF desde 2006, quando foi nomeada para o cargo pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A Procuradoria e o Supremo não divulgaram o inteiro teor da petição de Roberto Gurgel.
Se Orlando Silva deixar o Ministério, ele perderá o direito de ser investigado e julgado perante o STF. No Brasil, as apurações contra autoridades tramitam em tribunais e não na Justiça de 1ª. Instância, como ocorre com as pessoas comuns. Quando há suposto envolvimento de ministros de Estado, o STF é a Corte responsável pelos inquéritos.
Mas, no caso de Orlando Silva, mesmo com a saída da pasta o inquérito não deverá ir para a Justiça de 1ª. Instância. A investigação deverá ser transferida para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Fifa descarta ministro como interlocutor
Brasília (AE) - O ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi mantido no cargo após reunião com a presidenta Dilma Rousseff. Em um rápido pronunciamento após o encontro, Silva afirmou que apresentou todas as explicações à respeito das denúncias que envolvem o seu nome no comando da pasta e que também implicam a gestão do PC do B no ministério. "Na conversa esclarecemos todos os fatos e todas as acusações que tenho sofrido. Desmascarei todas as mentiras diante da presidenta", disse o ministro.
Zurique (AE) - Em uma entrevista coletiva transmitida ao vivo para todo o mundo, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, deixou claro ontem que já não identifica no ministro dos Esportes, Orlando Silva, o interlocutor para a preparação da Copa do Mundo de 2014. Valcke respondeu a uma pergunta feita pelo jornal O Estado de S. Paulo já afastando Orlando de qualquer participação na Copa.
"Em novembro, a ideia é encontrar o novo representante do governo de Dilma Rousseff, que agora está liderando os trabalhos de preparação da Copa no nível governamental", disse Valcke, na esperança de que até lá o Palácio do Planalto tenha designado a pessoa que fará o contato com a Fifa.
Apesar de oficialmente o Palácio do Planalto insistir que nada mudou e que o Ministério dos Esportes continua liderando os trabalhos, Valcke parecia já falar de uma outra realidade. "Estou certo de que a presidenta (Dilma) tomou a decisão certa em escolher uma pessoa, seja o que ocorrer com Orlando Silva", disse.
Ontem, o portal do jornal O Estado de São Paulo divulgou documentos que mostram que Anna Cristina Lemos Petta, mulher do ministro do Esporte, Orlando Silva, recebeu dinheiro da União por meio de uma ONG comandada por filiados ao PCdoB, partido do marido e ministro.
É a própria Anna Petta quem assina o contrato entre a Hermana e a ONG Via BR, que recebeu R$ 278,9 mil em novembro do ano passado. A Hermana é uma empresa de produção cultural criada pela mulher do ministro e sua irmã, Helena. Prestou serviços de assistente de pesquisa para documentário sobre a Comissão da Anistia.
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