Na sexta-feira passada (23), eu perguntava ao deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS:
- Deputado, como está a situação de Henrique Eduardo Alves na briga pela presidência da Câmara dos Deputados?
Roberto Freire assim me respondeu:
- O grande adversário de Henrique é o aliado PT. Se o partido de Lula cogitar descumprir o acordo assinado com o PMDB, ele terá sérias dificuldades mesmo contando com o apoio incondicional do vice-presidente da República, Michel Temer.
É verdade. A observação do deputado Roberto Freire, que elogiou bastante a articulação de Henrique na Câmara ("ele está trabalhando muito bem", disse Freire), é exata.
O PT e o PMDB assinaram um acordo político para assegurar a alternância no comando da Câmara dos Deputados durante o período de Dilma Rousseff na Presidência da República.
Ao PT coube presidir a casa no primeiro biênio (2011-2012) por ter elegido a maior bancada. E ao PMDB, o biênio seguinte (2013-2014). O acordo foi selado entre os líderes das duas legendas.
Portanto, caberá a Henrique Eduardo Alves ou outro parlamentar do PMDB a prerrogativa de presidir a Câmara dos Deputados a partir de 2013, segundo cargo na linha de sucessão do presidente da República.
Mas comenta-se nos bastidores de Brasília que o PT ameaça melar o acordo com os peemedebistas. Vez por outra surge uma notinha aqui, outra acolá em revista ou jornal de circulação nacional. Uma situação pouco provável diante da importância do PMDB na estabilidade do atual governo.
É pouco crível que o PT descumpra o entendimento com os peemedebistas sob o risco de desordem na base de apoio do Congresso Nacional. Seria suicídio político.
Isso não quer dizer que o PT não deseje permanecer no comando da Câmara dos Deputados. Deseja ardentemente. O atual presidente Marco Maia (PT-RS) faz parte da ala radical do Partido dos Trabalhadores.
E é justamente esse grupo que estimula a dúvida sobre a alternância no comando da casa legislativa como forma de manter o espaço de poder.
Aliás, o deputado Henrique Eduardo Alves me dizia ontem (26) que a presidente Dilma Rousseff aconselhou-o a aproximar-se desta ala radical do PT. "Do restante do PT cuido eu, deputado!", teria dito Dilma conforme relato do líder potiguar.
Uma boa notícia para Henrique Eduardo Alves, alvo de várias críticas na imprensa nacional ao longo de votações importantes como a do Código Florestal, no episódio das demissões de ministros do PMDB e por conta das negociações de cargos e verbas no balcão político do Planalto: o ministro-secretário da Presidência da República, Gilberto Carvalho, convidou-o para um encontro no qual assegurou que o Palácio do Planalto irá trabalhar por sua eleição na Câmara dos Deputados.
Gilberto Carvalho pediu a Henrique que se aproximasse dele para discutir uma agenda legislativa positiva até o final do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Se for verdade ou sincera a intenção de Gilberto Carvalho, Henrique Eduardo ganha um aliado de peso na luta para se eleger presidente da Câmara dos Deputados, seu grande sonho e projeto para os próximos anos.
Gilberto Carvalho é um dos homens de confiança de Lula no atual governo e ministro forte do Governo Dilma Rousseff, responsável por parte da articulação no Congresso Nacional.
Além de preocupar-se com uma fatia do PT, o filho de Aluízio Alves mantém os olhos atentos ao "fogo amigo" no PMDB. Aliás, ele chama esse fogo amigo de "brasa amiga", minimizando a ação de um grupo de peemedebistas que contesta sua atuação como líder da bancada. São parlamentares do PMDB insatisfeitos com a partilha de cargos do Governo Federal.
A imprensa nacional já noticiou que este grupo é formado por 35 peemedebistas dos 70 que formam a bancada na Câmara dos Deputados. Mas Henrique Alves me dizia ontem que ele não passam de 15.
Henrique Eduardo Alves evitou dar nomes aos bois entre os liderados.
Mas deu para sentir o cheiro de dendê na fritura interna do velho PMDB.
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